TURISMO E EMPREGO - A CRISE DAS RELAÇÕES DE TRABALHO

Panorama

Nas economias capitalistas democráticas não só da Europa e Estados Unidos mas também da América latina, claro que com algumas mudanças, se estabelece uma relação de trabalho onde o emprego formal (padrão), ou seja de carteira assinada, ganhou um destaque no plano mundial.

Carteira de Trabalho e Previdência Social

Sendo que nessa relação o trabalhador tem salário e carga horária determinadas por contrato e, alguns benefícios como, seguro desemprego, descanso semanal remunerado, ferias, aposentadoria, seguro contra acidente de trabalho e outros, que foram resultados das lutas dos trabalhadores ao longo do tempo.

O mundo se estruturou dessa forma, mas isso não quer dizer que todos os trabalhadores do mundo tinham um emprego padrão, mas com certeza a maioria tinha. Países onde a economia capitalista se desenvolveu, cerca de 80% das pessoas que integravam a população economicamente ativa tinham o que chamamos de emprego padrão.

Emprego padrão para a população economicamente ativa

O empregador que proporcionava esse emprego padrão era a grande e media empresa industrial ou de serviços, a qual usufruía o mercado oligopólico, ou seja empresas que tinham como repassar os custos altos do emprego padrão. No fim das contas quem pagava esses benefícios como o seguro saúde, aposentadoria, ferias, etc. era o próprio trabalhador que consumia os produtos dessa empresa.

Mas isso entrou em crise. E o inicio dessa crise se deu praticamente com abertura econômica do mercado interno. Promovida pelo Governo Collor em 1990 e que até hoje esta em andamento. A questão básica é por que isso está acontecendo? Existem duas razões diferentes mesmo que atuem de forma simultânea. Uma delas é a concorrência ao oligopólio através da abertura econômica, a partir desse momento o oligopólio passa a enfrentar dificuldades no repasse dos preços e vê, a necessidade de demitir muitos que usufruem desse emprego padrão, uma vez que os oligopólios são os grandes fornecedores do emprego formal e, o mesmo encontra a demissão como sobrevivência, temos como conseqüência o que chamamos de crise no trabalho padrão.

Crise do modelo de bem estar social

Também temos que ressaltar o processo de terceirização, onde se utiliza basicamente o mesmo trabalho, mais pagando apenas pelo serviço prestado em condições nitidamente inferiores do chamado emprego padrão. E ressaltar também a substituição do trabalho formal pelo informal.

É importante compreender que essa transformação é parte de uma transformação muito maior. Onde na verdade a globalização forçou esses oligopólios a se reorganizarem e criarem fusões, para tornarem novamente esse mercado menos competitivo, permitindo maiores margens de lucro. Criam-se também aquisições consentidas e negociadas, onde empresas gigantescas capitulam sob o controle de outras empresas gigantescas. Onde quase sempre depois desses processos de fusões e aquisições o que se vê é que partes dessas empresas são vendidas ou fechadas por serem consideradas de baixa lucratividade.

O mapa das marcas

Em todos os meios de produção esta havendo uma caótica restruturação. Caótica porque essa restruturação se dá com base no mercado, e através das especulações das bolsas de valores. Quando um grupo negocia a compra de uma parte das ações, ele procura comprar um volume suficiente de ações para possuir o direito ao voto para assim derrubar o grupo que controlava anteriormente. Isso esta acontecendo cada vez mais.

A crise nas relações de trabalho é parte de um novo processo global de reestruturação da economia capitalista. E esse processo de reestruturação está se desdobrando no surgimento de um novo tipo de empresa o que chamamos de empresa-rede, que são empresas existentes em centenas de países empregando centena de milhares de pessoas. Estão se descentralizando, ficando menores, porém criando a seu redor uma rede de pequenas e médias filiadas e subcontratadas.

Bolsa de valores de New York - USA

Dentro disso surge também o franqueamento, são empresas que desenvolvem um modelo e subcontrata essas prestadores para a fabricação desse mesmo modelo e, finalmente vende para o mundo o resultado dessa produção.

O fato é que o liberalismo deu ao capital uma enorme liberdade, o que criou uma forte volatilidade do capital financeiro. Empresas produtivas conseguem, em função do novo quadro criado pelo neoliberalismo, entrar em um país sem gastar nada, pois os incentivos fiscais oferecidos pelo governo para essas empresas, fazem com que elas entrem com poucos recursos financeiros.

As empresas que se estabelece nessas regiões cria ao seu redor toda uma rede de fornecedores, que antes eram internos a impressa. A mesma permanece nesse lugar, ate que durem os incentivos fiscais. Quando acaba o prazo e a empresa de fato começa a devolver através do pagamento de impostos, aquilo que recebeu para sua implantação no local, ela simplesmente fecha a suas portas e vai para outro lugar com novos incentivos.

Incentivos fiscais atrativos para as empresas

Antes, isso era impensável. mas hoje com a mobilidade do capital industrial isso se tornou possível, sendo que o mesmo não acontece com o trabalhador. O único fator que não tem liberdade de se locomover entre fronteiras é a força trabalhadora. Cabe a nós, procurar soluções para a crise nas relações de trabalho. É preciso entender o processo casual para saber que oportunidades existem para nos contrapor a isso. A saída para a crise é a geração de renda pelos próprios trabalhadores.

Nesse grande processo de reestruturação produtiva em que as empresas quebram, muitas fecham, outras se fundem, se organizam, um grande numero de empresas acaba nas mãos dos próprios trabalhadores, por bem ou por mal. Isso é o que chamamos autogestão ou co-gestão, e mostra que um novo tipo de economia esta sendo formada, e como esta em fase de desenvolvimento cabe aos trabalhadores dessa gestão não imitar os padrões de uma empresa capitalista que como sabemos não é o ideal.

Gestão compartilhada

O que é interessante ser relatado é que mediante essa mudança imposta pela crise do trabalho, os trabalhadores estão mostrando que as empresas que não são viáveis do ponto de vista econômico, são de grande valia quando cai em suas mão.

Com isso também surgem as cooperativas que é uma associação de pessoas onde todos são trabalhadores e gestores ao mesmo tempo. Sendo assim não existe o trabalho padrão, muito menos os benefícios desse tipo de trabalho, isso é simples de ser entendido pois em uma cooperativa não existe relação entre empregado e patrão.

Mas isso gerou também o surgimento das coopergatos que são meras arregimentadoras dos trabalhadores, usam o principio de cooperativa para explorar o trabalhador, e ter um lucro maior, uma vez que não tem as despesas com a folha de pagamento de um emprego formal.

Cooperativa e sua simbologia

Com tantas mudanças ocorridas e ocorrendo não só na esfera econômica mas também social, é necessário que também haja uma reestruturação nos sindicatos, para atender não só os trabalhadores que tenham um emprego formal, que hoje são a minoria, é preciso que os sindicatos busquem a integração dos trabalhadores, despertando-os para as novas oportunidades, que hoje são as cooperativas.

É necessário detectar no tempo certo às tendências e mudanças para não precisar correr atras e quem sabe sair na frente.

Conclusão

A crise nas relações de trabalho, forma-se em conseqüência da abertura do mercado, que introduziu uma concorrência nunca vista antes no Brasil, E uma das saídas para amenizar essa queda do emprego padrão, são as cooperativas que geram renda para muito trabalhadores, mas por outro lado essas cooperativas precisam de uma ‘fiscalização’ para evitar o surgimento das coopergatos.

Cooperação sindicato e filiados

O sindicato tem que se reorganizar, para prestar auxilio os autônomos, cooperados e desempregados em geral, não só centrar sua política nos trabalhadores que tem emprego formal. É fundamental detectarmos os problemas antes mesmo que eles aparecerem, para estarmos mais preparados para superar as crises, e se antecipar às mudanças.

Um abraço e até o próximo post!

TURISMO E EMPREGO - A CRISE DAS RELAÇÕES DE TRABALHO TURISMO E EMPREGO - A CRISE DAS RELAÇÕES DE TRABALHO Reviewed by Luiz Macedo on março 02, 2010 Rating: 5

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